domingo, 4 de novembro de 2012

notícias de segunda‏, by Ricardo Kazuza

Recebi de Ricardo Kazuza por email... achei que tinha que compartilhar.
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gente,

qual o sentido da vida né.
acabo de ler duas notícias no uol.

A primeira: Homem tem sindrome rara e nunca esquece de nada na sua vida.

Fiquei bolado com a história e ainda nem digeri essa informação.
Você simplesmente lembrar de TODOS os dias da sua vida: o que comeu,
que música ouviu, se fazia frio ou calor... Meu Deus!
Imagina que desgraça não ter nada recalcado!
Aquele trauma maravilhoso do fundinho nebuloso da cabeça,
aquele dia fatídico que você não sabe muito bem como TUDO AQUILO aconteceu.
Achei apavorante a ideia de ter na mente as imagens mais fortes dos
momentos mais fortes.

Porque sim, eu tenho momentos dos quais não lembro bem qual foi a da
parada (e não estou falando de alcool).
E essa incerteza, essa falta de clareza é o Ás do meu Royal straight flush!
Deve ser insosso e meio ridículo esse lance de super memória autobiográfica.
um amigo diz "se não lembro, não aconteceu!" Mas pra mim, o mais legal
é: "se não lembro, tudo aconteceu!"

Daí vem a segunda notícia: um cara de férias na Irlanda se apaixona
por uma mulher com quem conversou 2 minutos num café, na véspera de
voltar pro Canadá. Não sabe nome, não sabe porra nenhuma.
Ficou com ela na cabeça, não conseguiu se apaixonar por mais ninguém,
resolveu voltar, e, até agora,... nada!
A mulher não deu sinal, ele só conseguiu um forte apelo midiático.
Disse estar satisfeito. Que quando for velhinho vai lembrar, feliz, de
ter sido um idiota na Irlanda por duas semanas procurando uma mulher
do café, sem nome.

Não sei se eu faria o mesmo. Provavelmente não. Mas acho legal que
esse cara exista, que a memória dele seja ocupada por coisas do mundo
exterior.
Que essa paixão relampago seja possível, porque ele pode esquecer de
si, dos seus dias, e pensar em alguém loucamente.
Que 2 minutos de café preencheram, ou apagaram todos os dias das
férias anteriores e fizeram ele viajar 7 mil kilometros atrás de nada.

Gosto dos meus dias e de lembrar de mim mesmo. Faço até exercícios
mentais frequentes, do tipo, onde eu estava em abril de 2004?
Mas acho mais rico pensar que minha memória esta repleta de
personagens, alheios, externos, autônomos; que minhas fixações me
ajudam a não lembrar de todos os momentos de todos os meus dias.
Que o massacre da lembrança esta bem remediado pelas mocinhas dos
cafés irlandeses de todos os dias.

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