sábado, 31 de dezembro de 2011

Desejos de ano novo


Com que cor eu vou passar a virada? quais são os desejos para o novo ano? e a mandinga... pra ter fortuna, ganhar um novo amor...? calcinha nova? comer três uvas? ou será que são doze? vale pular onda?... sei lá! acho que eu só quero mesmo um 2012 bem simples. Quero olhar a vista do alto da pedra do arpoador em Janeiro e quero uma fantasia linda em Fevereiro... Quero beijos apaixonados, um amor coerente e ser coerente no amor também... quero abraços, muitos abraços e sinceros. Quero ir pra caotinha, ver o ensaio na quadra do salgueiro e curtir o pôr do Sol do alto da Table Mountain... e depois quero dançar semba ao som da banda Maravilha... Quero ver filme enroscada e com pipoca e me deliciar com um bom mufete na hora da fome... Quero deitar na rede, ler um bom livro ao som de uma morna... e quero o gostinho da incerteza. Quero amigos... ai os amigos! e dançar até doer os pés. Quero problemas e soluções para eles... e o gostinho da cumplicidade... Quero um 2012 lindo e que cada dia deste ano seja realmente novo, repleto amor e intensidade. 
 
FELIZ DOIS MIL E SEMPRE

Um brinde à vida!


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Catarina Recomenda mais coisinhas

Para conhecer: Praia de Santiago, no município de Cacuaco, em Luanda. O lugar é no mínimo: Curioso, pela quantidade de navios encalhados na praia. Surpreendente, pela beleza desconhecida até mesmo pela maioria dos habitantes de Luanda – precisou um amigo estrangeiro me falar sobre ela! Há também um espírito de aventura para chegar até ao local (eu fui salva pelo 4x4 emprestado de um amigo, caso contrário, eu e mais duas amigas talvez estivéssemos lá atoladas até agora! Mas descobrimos, na volta, um caminho bem mais tranquilo… Onde fica? Saindo de Luanda, logo depois das barracas do Panguila, tem uma entrada por um mercadinho que tem quase na curva onde se pega uma estrada de terra até a praia. É bem antes da barra do Dande. Vale a pena conhecer, e você ainda terá a chance de conhecer um ritual bastante peculiar dos nativos do local (O Panguilamento), que outro dia eu explico melhor aqui.
Para frequentar: Artes ao Vivo. Um projecto de Lukeny Fortunado, é sucesso em Luanda há quase 8 anos. O evento acontece toda terça-feira no Espaço Bahia (Marginal de Luanda) a partir das 8 da noite. Você pode ir preparado para apresentar uma poesia, música ou qualquer outro tipo de expressão artística, ou pode ir só pra assistir e curtir. O melhor: Entrada totalmente free.
Para ler muitas vezes: Mania de explicação, de Adriana Falcão. Uma espécie de dicionário que utiliza a imaginação de uma menina que explica as coisas de uma forma belíssima, com um toque de inocência próprio das crianças. As ilustrações do livro também são um ponto a mais desta obra. É uma boa dica de presente para pessoas queridas.
Pra se ligar: muito cuidado ao fazer revisão do carro na representante. Minha experiência resultou em, depois de pagar uma boa baba, o carro morreu no meio da madrugada por um problema na bomba de combustível. Passados mais 5 dias, carro morreu no meio do engarrafamento por causa da bateria. Como se não bastasse o medidor do nível de combustível também não está funcionando. Ah, pensa que acabou? Não! O ar-condicionado também pifou! A dica fica porque descobri, conversando com outras pessoas, que isso não é mais um daqueles meus famosos azares. É realmente muito comum em Luanda.

Catarina Segundo o Poeta, por Guilherme Freitas

Catarina

Choveram pregos, parafusos e picaretas
Secou o Nilo e afluentes de diferentes nomes e correntes
A vaca tossiu a galinha foi ao dentista com dores em vários dentes
O Sahara enriqueceu-se de florestas
E Catarina não voltou.

Catarina eu chamei...
Catarina eu gritei...
Catarina por ti eu chorei...
Catarina para tua Lua eu implorei...
E Catarina não voltou.

 Encontrei o teu perfume lá pelas 7 encruzilhadas e disse-me a Dona Maria

Catarina é alma sem dono é sonho livre de um rei sem trono
Catarina é de um signo, um câncer benigno e não ouse curar Catarina é a Bela Preta de todos e de ninguém que não se pode domar Catarina é palavra escrita em teu destino meu nobre menino.

Guilherme Freitas

E tudo mudou... (Luis Fernando Verissimo)

E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças

Catarina Recomenda


Pra ouvir
Para ouvir: Soul Of Angola. Foi um achado depois de uma garimpada por música local no shopping com uma amiga visitando o país. Uma compilação, com dois CDs contendo músicas de grandes bandas de Angola dos anos 60 e 70, como Os Kiezos, Os Bongos e Jovens Do Prenda… indispensável!

Para frequentar: Já que estou na onda de música boa angolana, segunda-feira acontece no espaço Chá de Caxinde, em Luanda, um encontro do melhor da nossa música, sob comando da Banda Maravilha. O mais legal é que o espaço é muito frequentado por músicos, que acabam sendo convidados a subir ao palco, transformando o evento num encontro sempre único e espontâneo. É uma pena que a música só comece a rolar depois das 21h, e como não dá vontade de ir embora enquanto não acabar, o resultado é uma terça-feira de ressaca e muito sono!

Pra discutir: Hoje recebi a notícia de mais uma menina que morreu por causa de um aborto mal feito em Luanda. Me lembrei de uma conversa com amigos há cerca de duas semanas, onde fiquei muito assustada com os fatos e estatísticas relacionados a esse assunto, e principalmente com a hipocrisia em volta de toda essa discussão sobre a legalização. Quero deixar minha posição: sou a favor de que é necessário existir esclarecimento, condições, apoio, segurança, acompanhamento e sou contra ver milhões de mulhares arriscando as vidas com medicamentos clandestinos e cirurgias de açougue.

Para ler: A Revolução dos Bichos.,  de George Orwell.  Uma combinação de fábula com sátira política, essa obra, publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, além do viés revolucionário, nos leva a um encarar sobre as fraquezas humanas. O autor recorre aos animais para fazer um retrato feroz da humanidade. Disponível em http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/animaisf.pdf.

Pra se deliciar: Barraca da Mirrele, na Chicala. O Melhor Mufete de Luanda. Passagem obrigatória para quem gosta daquele peixinho grelhado e todos os acompanhantes que tem direito. Não tem muito como explicar. Tem que provar.

Para sentir: o poder mágico da lua na sua vida

Síndrome de homem babaca

Acabo de me autodiagnosticar. Descobri que tenho um distúrbio muito sério: “Síndrome de homem babaca”. Cheguei a esse conclusão depois de muito pensar e sobre o assunto, e após inúmeras conversas com amigas (que não devem saber ainda, mas também sofrem de SHB).
 Sim, sem dúvida, não existe outra explicação além dessa. Só pode ser doença! Porque veja você, a pessoa até eh interessante, até eh inteligente, até eh racional, até tem consciência – momento “me achando” – ai vai e se apaixona por um idiota, ou melhor, por alguns muitos idiotas se formos olhar bem a lista ao longo da vida. Sim, porque rola uma sequência, fruto de uma insistência, com intervalos as vezes nem muito longos.
Faz parte dos sintomas em algum momento se dar conta, viver uma ressaca moral daquelas que nem caldo da Chicala resolve, e eis que aparece um novo babaca, e ai não há como resistir! E o filme se repete: começando com aquela cena do cara que “ai, tem tudo a ver comigo, tão fofo”, desencadeando numa sequência de histórias mal contadas, “o numero marcado não está disponível”, sumiços inexplicáveis, “ligo-te já”…ai entra aquela parte em que a gente pensa (sim, porque pensar muito também faz parte dos sintomas), e percebe que tem alguma coisa errada, mas vai,  toma um comprimido de “me engana que eu gosto” e a saga continua.
 Queridas portadoras de SHB, esse texto vai para mim e para vocês. Portanto, fica a dica: imprimam várias cópias e espalhem pela casa, façam post-its... Para evitar um novo plantão.
 Confesso que que não eh fácil, porque segundo especialistas, essa síndrome não tem cura, o tratamento é apenas sintomático. Também, não se sabe oficialmente a causa da doença, de modo geral. Pode ser herança genética, mas o que fiquei pensando (sim, porque eu continuo pensando muito), e a minha hipótese mais coerente eh: alguém que cresce acreditando que se pode transformar feras e sapos em príncipe, não tem jeito! Vai acreditar no tal de poder do amor de transformar um babaca em humano (sim, porque eles não são gente)!Resumindo: fomos adestradas.
 E fica a segunda dica: pare e pense. Você pode estar querendo transformar um babaca em um príncipe encantado.
Como sair dessa? Ah meu bem, se você descobrir me conta. A gente vai enriquecer com a fórmula da cura do SHB.

Abstraindo

Sério, eu sei que sou bem chatinha, mas ultimamente estou realmente me esforçando para não ser tão questionadora em relação ao stress que se vive em Luanda. Estou até bem positiva, entendendo que todos esses transtornos vividos pelas obras de cada esquina, são parte de um processo necessário, que em pouco tempo isso acaba, que eh para o bem de todos, e esses bla, bla, bla todos – é claro que eu preferia uma estratégia onde mandassem todo mundo para sei lá onde, fechavam o país, e depois de um tempo a gente voltava e encontrava tudo finalizado e a cidade linda, e inclusive com água e luz!
Mas hoje, saindo atrasada de casa (o que já não eh mais uma novidade), e depois de dar de cara com uma barata morta em cima do capô do carro (como assim, ne? Claro que isso deve ter um significado obscuro, e eu ainda vou descobrir) - Tentei não dar importância a isso, fingi naturalidade ao tirar a barata de lá, e entro no carro rumo ao trabalho… Eis que começo a perceber que o tempo que estava levando para tirar o carro da vaga (sim, eu consegui uma vaga na noite anterior), estava um pouco acima do costume, porque todos os carros na avenida estavam absolutamente parados… Eis que olho para o lado, e descubro que resolveram fechar uma avenida onde diariamente Luanda inteira passa pra ir trabalhar! Caos generalizado, buzinadas, reguladores de trânsito doidinhos, alguém bateu no meu carro (claro, porque sou eu!). A pergunta eh: a pessoa que orientou se fechar essa avenida numa manha de um dia de semana em Luanda não precisa sair pra trabalhar? Ai eu pensei: e tem gente que ainda escreve uns livros de auto-ajuda do tipo “20 dicas para eliminar o stress”! Gente! Nem tendo espírito de Dalai Lama… Mas tudo bem. Enquanto houver escrita e uma boa música, "a gente vai levando".
E assim fui levando… até uma hora e meia depois, chegar finalmente onde queria, dar três voltas no quarteirão engarrafado pra estacionar, encontrar uma vaga linda do lado do prédio, e um taxista resolver parar o carro na frente da vaga – o detalhe eh: ele não estacionou na vaga, ele impediu a entrada na vaga, e simplesmente decidiu que não ia tirar o carro, fazendo escândalo que eu tinha que me virar porque ele não podia fazer o “favor” de tirar o carro porque estava a espera de passageiros. A pergunta eh: ainda são as sequelas da guerra? Ai eu pensei de novo: é preciso saber abstrair e rir! (sim, porque existem horas nessa vida que só o bom humor - pode nos salvar...), e achei um lugar pra parar o carro (longe quase chegando na terceira esquina do inferno e onde a qualquer momento poderá ser rebocado!)

Hum… não descobri o significado da barata no capô, mas passo a entender a partir de agora que foi urucubaca!... E o dia estah só começando…