quarta-feira, 11 de julho de 2012

Lista De Preferências, por Bertold Brecht

Alegrias, as desmedidas.
Dores, as não curtidas.
Casos, os inconcebíveis.
Conselhos, os inexequíveis.
Meninas, as veras.
Mulheres, insinceras.
Orgasmos, os múltiplos.
Ódios, os mútuos.
Domicílios, os passageiros.
Adeuses, os bem ligeiros.
Artes, as não rentáveis.
Professores, os enterráveis.
Prazeres, os transparentes.
Projetos, os contingentes.
Inimigos, os delicados.
Amigos, os estouvados.
Cores, o rubro.
Meses, outubro.
Elementos, os fogos.
Divindades, o logos.
Vidas, as espontâneas.
Mortes, as instantâneas.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Todo dia é dia de estupro, por Eliane Brum

 
Estou perplexa… não por já não ter imaginado que toda essa crueldade exista, desta ou de outras formas mais ou menos perversas… Mas esse relato traz a tona uma realidade que está mais próxima de nós do que cogitamos e aceitamos. Enquanto co...ntinuar a se naturalizar essas acções, a submissão, a condição inferior da mulher, e outros exemplos desta ordem, só mesmo muita resistência para contornar essa realidade. Mas vou continuar pegando carona na campanha de Marcelo Freixo para citar Bertold: “…em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."
 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Nada é impossível de mudar, por Bertold Brecht

Pegando carona da campanha de Marcelo Freixo, vale uma reflexão para o momento presente em Angola… Queria um Freixo por aqui!

"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Felicidade Realista, por Mário Quintana

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato,   amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Encerrando um ciclo, por Martha Medeiros

“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver...
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho?
Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar.
Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.”.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Catarina Recomenda

Para assistir (recomendado por uma leitora do blog): o filme Flor do Deserto, de Sherry Hormann. A história real da modelo Waris Dirie, nascida na Somália, descoberta por um fotógrafo quando trabalhava como empregada doméstica na Inglaterra. O filme aborda a luta contra a mutilação genital feminina na África, tradição milenar à qual ela mesma foi submetida quando criança.


Para comprar coisas lindas e incentivar a criatividade: Indico o trabalho do “Atelier da Jandy”. Coisinhas lindas, para usar e presentear. Peças bastante originais que vão desde chinelos, porta cartões, brincos,  agendas, etc, caprichados nos detalhes com panos com estampas africanas. Vale a pena conhecer o trabalho. Contactos: +244 923791606.

Para viver arte: O “artes ao Vivo”, já recomendado aqui no blog, agora acontece também todas as quintas com o Lukeny Bamba Fortunato no Bakama Bar, Morro Bento, as 20:30h. Imperdível!

Para se ligar na segurança: Tem sido observado, e igualmente apontado pelas autoridades locais, um aumento nos índices de violência na cidade de Luanda, associados de alguma forma ao processo de eleição, mas não só. Relatos sobre assaltos e tumultos no espaço público por conta de manifestações têm sido cada vez mais frequentes. Vale a pena dar uma olhada nessas medidas preventivas: 1.Quanto estiver a conduzir, tranque as portas imediatamente após entrar no veículo, mantenha os vidros das janelas fechados e não ponha bolsas ou pastas a vista, especificamente no assento do passageiro. Coloque-os atrás de seu assento, de preferencialmente no chão. Esteja sempre alerta e caso note alguma atitude suspeita, buzine para atrair a atenção de outras pessoas no entorno de formas a inibir a acção dos suspeitos; 2.Evite circulação em locais muito isolados e escuros, e quando inevitável procure estar acompanhado; 3.Carregue sempre telefone ou outro meio que o permita se comunicar em caso de emergência; 4. Evite aglomerações; 5. Caso se encontre no meio de algum conflito / desordem em espaço público, procure se afastar e encontre o melhor caminho para sair em segurança; 6. E uma dica bastante importante de segurança é não reagir a assaltos, pois isso pode irritar o meliante e acontecer algo pior.