No Volante

Outro dia, pensando sobre mais uma daquelas intermináveis conversas com meu amigo, fui arremessada para o passado, e percorri várias histórias vividas ao longo dos anos. Nostalgia, orgulho, satisfação, pitadas de superação. Isso é a vida. Incrível como, depois de um tempo, tudo passa a ser questionado. Valeu a pena? Era melhor que hoje? Percebo que o grande problema aparece por causa da frustração que o não cumprimento das expectativas nos trás. Talvez porque elas eram muitas, ou grandes demais, ou utópicas demais. E a gente começa a perceber que já não falta mais tanto tempo, e que talvez é preciso correr, ou quem sabe desistir, ou mesmo só rever os planos de voo.

Pensando nas mágoas dessa trajectória, percebi, embora a gente não se esqueça, tudo passa. Não parece não, mas passa. Pensando sobre as saudades, compreendi que há etapas que precisam ser ultrapassadas depois de cumpridos certos objectivos. Porque, embora a gente não vai saber na hora, sim, existe sempre um objectivo. Pensando nos tropeços, me dei conta de que todo esse bla bla bla sobre nada ser por acaso é uma das coisas mais verdadeiras que existe. Em um dado momento, tudo passa a fazer sentido, mesmo que muito tempo depois. Pensando no amor descobri que não é privilégio de todos, e que ele não tem relação com o querer, mas sim o com acontecer. Pensando sobre o futuro entendi que a gente pode até ter muitos planos e saber para onde está indo, mas o caminho mesmo é construído com muitas surpresas. Pensando sobre sonhos, descobri que eles são possíveis sim, que é bom sonhar sim, mas para que se transformem realidade é preciso mudar de atitude. É preciso acreditar e é preciso começar.

Tudo isso me deu vontade de tirar tantos desejos da gaveta. Principalmente aqueles que só estão sendo impedidos por auto boicote. Que ainda não aconteceram com a desculpa de que dependem de outros alguns e outras coisas. A verdade é que me vi abandonando caminhos, fazendo escolhas, que foram maravilhosas, mas estou com sensação de que essa estrada esta pertinho do fim, e estou com uma vontade louca de pegar um desvio, um novo caminho e partir para uma nova viagem. De carona, pé, de avião ou trem. Ou quem sabe dessa vez eu não espero a vida me dirigir e recebo o comando do volante… hummm… adiante, confiante… enfim, seguindo as rimas.