quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Música do dia: Vamos Fugir, Gilberto Gil


Vamos fugir
Deste lugar, baby
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue
Vamos fugir
Proutro lugar, baby
Vamos fugir
Pronde quer que você vá
Que você me carregue
Pois diga que irá
Irajá, Irajá
Pronde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer
Guaporé, Guaporé
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, céu azul
Onde haja só meu corpo nu
Junto ao seu corpo nu
Vamos fugir
Proutro lugar, baby
Vamos fugir
Pronde haja um tobogã
Onde a gente escorregue
Todo dia de manhã
Flores que a gente regue
Uma banda de maçã
Outra banda de reggae

Soneto da Fidelidade, por Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Quando crescer

Eu também!… eu também!
E quero crescer logo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Até a lua virar

Desfolho revistas de trás pra frente. Deixo coisas inacabadas e construo palavras que não vão de encontro as minhas reais atitudes. E por real entenda-se aquilo que é essência. Depois de terem caído todas as cascas, capas, disfarces… aquilo que é verdadeiro.
O bom de viajar nas palavras é poder ser carregada para um mundo que tem por si só a função de ser imaginado e interpretado de acordo com o que existe em nós naquele instante, e que no momento seguinte pode ser visto de um ângulo completamente inverso. Acho isso desafiante, e por adorar desafios acho isso apaixonante, e por ser cativada por paixões acho isso fascinante. Por isso amo as palavras, e o mundo em que me fazem mergulhar, que é exclusivamente meu. Que por mais que solicite companhia, vai ser impossível existir uma invasão que seja capaz de me arrancar desse universo. Não há possibilidades de colonização, de dominação, e nele me sinto segura. Porque edificam a escrita que sempre provoca alívio…
Palavras construídas podem nem fazer sentido, mas produzem sentido em nós. E tornam-se infinitamente tão mais fáceis de se confessar em forma escrita aqueles pensamentos encubados, mas que permanecem inquietos, difíceis de revelar. Pois escondem aquele medo que os olhos insistem em denunciar. Assim, escondidas atrás de uma caneta ou um teclado. Camuflada na tela ou no papel, a insegurança permanece oculta. E apenas se revela para quem tem a sensibilidade suficiente para sentir os mesmos medos, para quem também, do seu jeito, constrói seu mundo paralelo balizado pelas escritas. Redigidas naquele mundo que estrangeiro nenhum consegue penetrar.
Quando escrevo, é como se por um instante, o espontâneo extravasasse com a sua particularidade de ser natural, e me colocasse em contacto com coisas que grande parte das vezes não admito sentir. A escrita dá margem para o meu delírio, admite imprudência, aceita minhas loucuras. Por isso amo. Pois amo esse desprendimento com as regras e com o previsível. E amo essa falta de compromisso com as normas e com o estável. Sim, pois sou mutável, pois comigo mudam em cada segundo meus pensamentos e as palavras vomitadas deles. E minhas ideias e os caminhos que quero tomar. Sou a favor do desapego e do sossego. E é assim que pretendo ficar, ao menos por enquanto. Até a lua virar e me conduzir pra outras fases de mim.

Por Não Estarem Distraídos, por Clarice Lispector

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

O céu a lua e o medo

Fui dormir reflectindo sobre os efeitos que a Lua cheia me causaria - Deve ser por pensar demais (sim, porque eu penso mesmo muito), e por ser ansiosa demais (sim, porque eu realmente não sei esperar) – e inventei aquela vontade de amar, de me alegrar com tudo. Sensação de bem-estar e completude. Confiança extremada, expectativas substituídas por convicções. Incertezas diluídas, conflitos camuflados. Sentimento de poder, de que nada pode me deter. Aquela vontade de ficar atrevida, sem medidas, pensando na vida…
Será que tenho mesmo que analisar todos os acontecimentos que ocorrem comigo? Não podia simplesmente ficar quietinha e curtir as sensações do momento? Não! Vou pra longe, numa viagem de pensamentos, intuições, e logo depois de alguns instantes a única coisa que tenho vontade de fazer é sair correndo, disparada, sem nem dar tempo de saber se poderia ter sido bom. Será que o pânico que se transporta está mais relacionado com a hipótese de dar errado, de se machucar, enfim. Ou será que o que se teme mesmo é a chance de dar certo, e nos sentirmos vulneráveis, frágeis, entregues. Como assim não ter domínio sob os meus passos? Como assim querer amarrar minha felicidade a vida de alguém? Como assim ser inaceitável imaginar a vida sem estar atrelada a este alguém? Medo das correntes voluntárias, de não saber mais andar sem apoio, de não dar pra acordar sem o bom dia vindo daquela voz singular. Ah, então é isso…medo de se encontrar aprisionada?! Ta explicado. E pra quem prega tanto a independência, a liberdade, a vida sem rumo certo, isso deve ser mesmo aterrorizante, não é? E entro em fuga pensando que estou me protegendo, mas na verdade estou perdendo. Perdendo a oportunidade de estar mergulhada nos abraços, existindo… curtindo os sentimentos, as sensações, as emoções, as afeições. Sem previsões, sem querer nem que amanheça. Mas que, caso amanheça e o sol não apareça, teria a certeza de que ainda que der errado, nada levaria embora os sentimentos, as sensações, as emoções suportadas na lembrança.
Amanheci preocupada com os efeitos que esse tempinho meio cinza me causaria – Deve ser por pensar demais (sim, porque eu penso mesmo muito), e por ser ansiosa demais (sim, porque eu realmente não sei esperar) – e forjei aquela vontade de chorar, de me entristecer com tudo. Sentimento de carência e incompletude. Insegurança exaltada, esperanças substituídas por desilusões. Certezas reduzidas, razões encobertas. Sensação de fraqueza, de viver na incerteza. Aquela vontade de ficar recolhida, escondida, pensando na vida…

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Como posso agora, depois de ter ido embora?

Meu sentimento jamais foi segredo para você. Desde que as emoções começaram a se transformar em algo próximo de dependência. Pela carência que nutria, pelo quanto era bom estar perto, pelo café com cigarro da manhã… mas supostamente você não se considerava pronto pra viver tudo aquilo de forma real. Mas eu sabia que era real, pelo sabor na boca, pelas sensações intensas, pelos telefonemas certos. Mas nossas escolhas não foram compatíveis. Insisti no desespero, acreditei de forma aflita. Persisti, até que desisti. Você me convenceu, e eu respeitei. Com dores, mas respeitei. Contrariada, mas respeitei. E só eu sei o quanto penei. Parecia que o relógio não andava, parecia que a vida não continuava, e minha perna paralisava. Mas toda dor um dia passa. E com sacrifícios, pesadelos, lágrimas, angústias, recaídas, renúncias e cervejas tudo se foi. Como posso agora, depois de ter ido embora, as fotos jogado fora, e restabelecido minha função motora, ouvir de você que me adora?!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Catarina Recomenda

Para ouvir e curtir: Jack Nkanga, músico angolano com talento de sobra para emprestar a quem não tem. Agrega diversidade artística, linda voz e carisma. Deve lançar disco no mercado dentro de alguns meses, mas vou deixando aqui o link para uma prévia.
Se gostou e quiser curtir ao vivo, o músico Iniciou ontem uma temporada no Elinga, em Luanda, que acontece quinzenalmente a partir das 22:30. Então o próximo será dia 16 de Fevereiro (sem-ser-essa-quinta-feira-a-outra). Entrada a mil kwanzas com direito a bebidinha. Ambiente tranquilo, alternativo e uma galera simpática na casa. Minha recomendação vai também para a banda que ARRASA!


Para ler bem rapidinho: "Memória das Minhas Putas Tristes", de Gabriel García Márquez. Completamente banhado de emoções humanas que muitas vezes preferimos fingir que não existem, o livro traz algumas lições como: Nunca é tarde demais para aprender a amar; é preciso dar valor aos sentimentos; e viva a vida sem preconceitos. Leitura fácil, poucas páginas, conta a história de um velho jornalista de noventa anos que decide celebrar a sua existência com uma noite de amor com uma jovem virgem.

Para assistir e pensar sobre escolhas: Quem nunca viveu um momento de incerteza e teve vontade de largar toda uma vida de estabilidade, segurança, certeza pra viver um grande amor? Imagina depois de ter embarcado em uma longa viagem muito bem delineada, com o ônibus em andamento, você ter vontade de levantar e gritar para o motorista “ Pára tudo, quero descer!” As pontes de Madison (The Bridges Of Madison County, 1995), com Clint Eastwood e Meryl Streep, sem dúvida tem lugar na lista dos melhores romances de todos os tempos. Eu sei que estou indicando dramas demais por aqui, mas revi este filme há um tempinho e, definitivamente, considero recomendação obrigatória. Mundos totalmente distintos unidos pelos caminhos do destino. Uma vivência sublimada em função de escolhas feitas no passado. O que eu penso? Existem amores que por maiores que sejam não devem, não podem e nem precisam ser vividos!

Para abalar na cozinha: não sou assim uma expert na cozinha e até tenho uma preguiça danada… mas depois que descobri esta receita até tenho feito sucesso por aí. Bolo de cenoura, que poderia também se chamar “mais-fácil-impossível-de-fazer “ leva pouquíssimos ingredientes e fica muito gostoso! Siga os passos: Bata no liquidificador 3 cenouras médias raladas, 4 ovos e meia xícara de óleo. Acrescente duas xícaras de açúcar e bata por uns 5 minutos. Depois numa tigela (se o seu liquidificador for bem potente, o bolo todo pode ser feito nele), coloque 2 xícaras e meia de farinha de trigo e jogue a massa do liquidificador e misture tudo. No fim 1 colher de sopa de fermento, que deve ser misturado lentamente com uma colher. Asse em forno pré-aquecido (180ºC) por 40 minutos. Para a cobertura (que faz toda diferença no bolo) Misture 1 colher se sopa de manteiga. 3 Colheres de sopa de achocolatado, 1 xícara de açúcar e 5 colheres de leite. Leve ao fogo, faça uma calda e coloque por cima do bolo. Pronto. Você já vai poder até casar!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ausências

Muita ausência por aqui… mas é porque ando meio ausente de mim mesmo. Ausente de sentido, ausente de objectivo…. Sabe aquela fase da vida numa onda de uma vidinha super mais ou menos, sem muita empolgação, sem muita expectativa? Deve existir alguma explicação astrológica para esse estágio, mas como nem o significado da barata no capô do carro eu consegui descobrir, acho que isso também vai ficar na incógnita. Não está sendo necessariamente uma fase negativa. As vezes é mesmo importante fechar para balanço, rever os rumos, baixar um pouco a bola em relação ao momento “uh uh sou feliz” que estava curtindo. É como se estivesse a cultivar um encontro com a realidade – de quem a gente faz questão de fugir – que necessariamente promove daquelas reflexões que podem nos deixar meio pra baixo e completamente a flor da pele. Já tive vontade de chorar, de gritar, de mudar, de matar, de romper… mas preferi ficar. Diferente, claro, porque esta é também a fase promotora de renovações. Me sinto menos tolerante e mais egoísta. Menos preocupada com quem ta fazendo burrada, menos intrometida na vida dos outros. Mais individualista enfim… As vezes sinto que só eu sinto e que ninguém tem ideia do que sinto. E não me lembro de ter sido questionada sobre isso. Então pensei, e penso (sim, porque eu realmente penso muito) e descobri que tudo isso é besteira. Mas embora tudo isso é muito claro na cabeça, sentimento é outra coisa. E o resultado dessa discrepância é essa loucura de sensações, crise existencial e fase sei lá de quê porque não encontrei a explicação astrológica. A conclusão é uma só. Preciso trazer de volta a fantasia para o meu mundo. Assim fica bem mais fácil respirar. Por baixo de máscaras e lentejoulas que usamos pra brincar de ser feliz. Seguindo o bonde da alegria e acreditando fazer parte dele como membro integrante e vitalício – trust me, ninguém vai notar que não é! E assim é bem mais fácil seguir a vida. E mesmo que tudo isso não faça sentido, desde que você acredite, já está valendo: amores líquidos, planos vazios, ausências consentidas, emoções confundidas, decepções repetidas... E ainda dizem que o mundo é cruel! E ainda há quem diga que não é! Acho que a solução é apenas sorrir e admitir enquanto ainda há tempo. Pois sabe o que mais essa fase que não encontrei explicação astrológica traz? Um toque de realidade de que o mundo gira, as coisas mudam de lugar, sentimentos se transformam, e a gente continua! Acredite. Isso é facto! Mas já deu. Assim como o sentimento ta confuso, essa escrita também já está perdendo direcção. Indo para um caminho que nem sei se quero chegar já que as máscaras podem não suportar e a fantasia pode despencar… e por falar em fantasia, só penso uma coisa: ainda bem que é Fevereiro, vocês não acham?!