domingo, 29 de janeiro de 2012

Música do dia: Benditas, Mart'nália


Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas
A vida é curta
Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre o amor não mente, não
mente jamais
E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros
Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma

Filosofando...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

E daí? EU ADORO VOAR, por Clarice Lispector

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

A minha parte, por Guilherme Freitas

A minha arte é doce e saborosa como uma tarte
Que eu te sirvo quente e apetitosa
Recheada com o desejo de petiscar-te
Fazer-te sentir em marte
Enquanto presa ao meu suor
Noto-te presente
Tu o combustível predilecto do fogo que respira o meu calor
O teu pulso não mente

A minha arte vejo-a reflectida em ti
Por isso decidi amar-te.

A mensagem aos sonhos, por Guilherme Freitas

Perguntava-me nos teus braços porque não sonhava
Mal sabia que toda a minha vida eu sonhei que acontecias para mim
A vida longe de ti era um absurdo inacreditável
Pois fica a saber que não sonhava porque é impossível sonhar quando se vive o próprio sonho

Hoje sou poeta e vizinho de um pesadelo
Hoje odeio-te oh sonho maldito

Porque de mim levastes a cura.

Ela não é brilhante?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Mudança, por Clarice Lispector

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Discurso de racismo no zoológico, por Catarina

Não era a minha intenção trazer para esse espaço discussões relacionadas a acontecimentos televisivos de programas que estamos cansados de acompanhar, mesmo sem muitas intenções, já que eles invadem a nossa vida mesmo que a televisão esteja desligada e a parabólica não paga (como a minha). Pois é, não adianta, eles te pegam. Como pegaram ontem – a mim e a qualquer pessoa que tenha entrado na internet. Nada necessariamente contra os reality shows. Só não tenho uma onda com isso mesmo. Já até assisti muitas vezes, comentei, enfim… mas, acho muito parecido como a ideia de zoológico: coloca-se um monte de animais dentro de uma jaula, trancados, para serem observados por quem se interessa em assistir, comentar, rir, achar bonitinho – não é igualzinho? Mudando o fato de não precisarmos nos deslocar. É só sentar no sofá, e ligar a televisão! Uma galera confinada em uma casa, monitorada 24 horas por dia, até nos momentos em que fazem suas necessidades fisiológicas.
Mas, não perdendo o foco, foi nesse processo de invasão que a minha curiosidade (como boa fofoqueira que sou), me levou a clicar em um vídeo onde assisti a uma cena de estupro. Sim estupro - relação sexual não consentida pela vítima. Chocada em pensar que aquilo aconteceu em um lugar monitorado 24 horas por dia, chocada em perceber que aquilo estava sendo banalizado pelos produtores do programa, chocada em relação aos comentários que colocavam a moça como participante (já que ela deu mole, e deu até um beijo no cara) … Mas o que também me chocou foi perceber o discurso de racismo que começou a aparecer em cima da história. E é sobre isso e a partir disso que estou escrevendo.
 O cara, protagonista da história, negro, aliais único “representante” negro no programa, começa a se vitimizar, colocando as acusações como sinal de perseguição por ser negro. A galera adere ao discurso e defende o cara como injustiçado – porque o negro sempre é injustiçado, tadinho – e eu, Catarina Negra da Silva, penso em quantas vezes me deparei com o discurso de negros, que atribuem todo e qualquer fracasso e problemas na vida ao fato de negros. Já sofri racismo, já fui discriminada, claro, o preconceito está ai, e não é possível que haja quem não acredita que exista. Acredito que todo negro já sofreu racismo. Os episódios são inúmeros e acontecem todos os dias: ser convidado a usar elevador de serviço, ser barrado em algum lugar, levantar suspeita da polícia ou de algum segurança de loja, ser direccionada ao cabide das promoções toda vez que entra em uma loja no shopping. As frases “negro, quando não faz besteira na entrada, faz na saída”; “Só podia ser o preto!”; estão sendo reproduzidas mais uma vez por conta da atitude do tal “representante negro do programa”, já que a ideia do programa é ter um negro para representar. Representante? Escolhido por quem? Escolhido com que critérios? Ele é só mais um elemento da sociedade. E como tal, ele pode ser como bem entender e ser difamado por isso, mas não deve ter encargo nenhum perante outros negros.
Tudo isso é claro que faz parte de uma cultura que prega que a beleza é clara, que a transgressão é negra, que a bondade é clara e tudo que é mau é negro. Ser negro ou branco diz somente respeito a cor de pele, não ao carácter de cada um! Mas esconder um suposto crime por trás de um discurso de discriminação não faz o menor sentido. É necessário que se defenda do racismo, mas não com dissimulação e pontapés porque isso não vai livrar ninguém de sofrer racismo. Ao invés disso, deveríamos fortalecer respeito e auto-estima. Fica a dica!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Me sentindo exatamente assim hoje... rs

Hoje eu acordei
Tirei meu pijama
Fui pra minha cama
E depois dormi.

Aí eu fui tomar café
E deitei na cama
Peguei o meu pijama
Eu já fui logo pra cama ié ié.

Eu fui pra minha cama...
Na cama com pijama...
Na cama com pijama...

A Despedida, por Cecília Meireles

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.

Música do dia: Life Is Real, Ayo


Some people say that I'm too open They say it's not good To let them know everything about me And they say one day they will use Every little thing against me butI don't mind maybe they're right That's just how it isAnd I got nothing to hide.
I live my life the way I want I got nothing to hide, nothing at all Life is not a fairy tale They should know that life is real.I live my life the way I want, I got nothing to hide, nothing at all Life is not a fairy tale Life is about more 'Cause life is real.
A friend of mine gave me an advice He said 'be careful'And think twice before you talk about your lifeProtect yourself just keep quiet The more they know the harder they try To spoil your ways to spread liesAnd even though I know he could be right I just said I...
I live my life the way I want I got nothing to hide, nothing at all Life is not a fairy tale They should know that life is real.I live my life the way I want, I got nothing to hide, nothing at all Life is not a fairy tale Life is about more 'Cause life is real.
Life is real...Life is real...Life is real...
Me I be Ayo ogunmakin fear no foe I am real from head to toe Like life is real and you should know. Me I be Ayo ogunmakin fear no foe I am real from head to toe Just like my heart like my soul.

Depois da sexta-feira...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Catarina Recomenda

Para assistir e chorar litros de lágrimas: Diário de uma Paixão (The Notebook -2004). Eu não sabia que tinha que ter me preparado com lencinhos, quando decidi numa tarde sozinha em casa, sem grandes pretensões e expectativas sentar para ver esse filme. Ninguém me avisou! Quando acabou estava eu chorando ao ponto de soluçar compulsivamente. O filme apresenta a história de Noah e Allie, no passado, sendo contada por Duke no presente para uma senhora que sofre de Alzheimer. Simplesmente lindo!

Para ler (indicado por um leitor do blog): Filhos da pátria do escritor angolano João Melo. Publicado pela editora Nzila, em Angola, em Portugal, pela editorial Caminho e no Brasil pela Record. Compilação de narrativas que reúne contos que fotografam uma visão social da realidade de Angola. Catando, encontrei os três primeiros contos disponíveis para download, e fiquei com vontade de comprar o livro. http://www.literal.com.br/lancamentos/download/3128_filhos_patria_trecho1.pdf

(E já que hoje é sexta-feira) Pra dançar até amanhecer: Elinga bar (para mim o lugar mais alternativo da cidade de Luanda) ao som do Dj Leandro – o carinha realmente sabe como manter a gente numa onda (daquelas! rs), e ao contrário do que encontramos na maioria dos lugares por aqui, a música não é nada comercial. A entrada custa 1000kz (tranquilo para os padrões de Luanda), e ainda rola uma paquerinha solta por ali. Pra curtir/saber mais, vai a página do DJ http://www.facebook.com/DJLeandroSilvapage

(E já que hoje é sexta-feira 13) Pra cogitar: azar, mau agouro, um dia como outro qualquer? Você acredita nas superstições do dia? Eu tive uma experiência terrível na sexta-feira 13 de Agosto de 2010 – terá sido só coincidência? Hummmmm!  De onde surgiu essa história? Há quem afirme ser culpa da mitologia nórdica, da qual saiu a história do banquete composto para 12 pessoas acompanhado pelo deus Loki. A visita inesperada teria provocado uma morte.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Um outro dia monótono

Os mesmos sorrisos as mesmas lágrimas nos mesmos rostos
A mesma cara de sono num espelho quadrado que reflecte em mim a polémica

Um outro dia monótono
Após outros tantos por mim vividos
As mesmas nuvens de chuva
A mesma miséria desabrocha em mim
E a solidão cai sobre mim como uma luva
Em mãos desamparadas afogando-se num tédio sem fim

Um outro dia monótono vivido sem ti ao meu lado.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Recado aos Amigos Distantes, por Cecília Meireles

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1951)'


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Recomendações

Para escrever na primeira página da agenda: Ainda no climinha de reflexões de ano novo, vale anotar essa: “Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o Universo conspira a seu favor”. Goethe… Então vamos lá! É só acreditar.
Pra se apaixonar: Eu sempre fico em dúvida se amo mais o semba, ou o samba. Ai, vem a minha querida Vila Isabel e faz um enredo pra 2012 “Você semba de lá que eu sambo de ca”… ai já viu ne? Misturou o que há de melhor! Se estiver pelo Rio de Janeiro, não deixe de acompanhar os ensaios na quadra (todo sábado) e melhor ainda os ensaios técnicos, na 28 de Setembro, todas as quartas e domingos, por volta das 21h… O melhor lugar para ficar é perto da bateria, ou, é claro, das passistas (lindas)!
Pra energizar: curtir o Pôr-do-sol no Arpoador. Dica imperdível para qualquer carioca ou turista de férias no Rio de Janeiro é assistir o pôr-do-sol na praia do Arpoador. É simplesmente incrível e, sem dúvida, um dos mais lindos do mundo! Perfeito final para uma tarde na praia. É um clássico carioca que reúne diariamente uma turma que nunca esquece de saudar o sol com uma salva de palmas, como se estivesse aplaudindo ao final de um espectáculo… o que de fato é!
Pra assistir:A Pele que Habito”, novo filme de Almodóvar. Ele simplesmente ABUSOOOUU da imaginação, pra criar uma história absurda, tão estranha quanto ousada, capaz de incitar desconforto e gerar reflexão, com personagens improváveis e, ainda assim, ser absolutamente plausível.

Apesar de, por Clarice Lispector

Vai uma dosezinha de Clarice Lispector para vocês, do livro que estou lendo:

{ }
“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.

Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita fui a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.” 


Clarice Lispector , Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender, por Luís Fernando Veríssimo

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

Um dia a gente aprende, William Shakespeare

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida; aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo qualquer lugar serve.
Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha; aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes… e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

Tristes mas audíveis, por Guilherme Freitas

Tristes mas audíveis
Como as vozes que se calam dentro de mim

De olhos fechados sinto o cheiro da tua ausência
Não sei se no passado em que vive a minha mente
Ou se no presente que se evapora a minha frente
De braços abertos saboreio a tristeza na minha existência

Triste mas audível
Como o poema que conta a vida do poeta que chegou ao fim

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Constatando! Radical Chic

Computadores, internet, celulares com e-mail,
DVD, TV com fibra ótica, agenda eletrônica...
Não adiantam nada! Meu coração continua analógico.

Canção do Sonho Acabado, Cecília Meireles

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quantas saudades eu senti...

Uma das coisas que um novo ano sempre traz é uma coisa de reflexão sobre a vida incrível! Não negue. Por mais que você tire aquela onda de que reveillon é só um dia como outro qualquer e bla bla bla… já começa uma sensação em Dezembro de cobrança, uma necessidade de planos e metas… e inevitavelmente uma ricochete sobre o passado. Ai o passado… esse aí as vezes é o mais difícil de enfrentar. E como esquecer? Tem que esquecer? Como continuar sem esquecer? Como encarar os desafios de superar as dores do passado e explorar novas chances de viver?
Estou há algum tempo me perguntando isso, mesmo antes de Dezembro, e descobri o quanto isso não é uma tarefa simples. Por mais consciência que se tenha e mais livros e histórias de superação que se leia, parece que existe algum prazer inexplicável que prende a vida naquele lugar. Mas em algum ponto senti diferença na percepção de tudo isso. E tem uma hora que parece até que já passou. Mas mesmo depois de anos é difícil se acostumar com a ideia. A lembrança ainda existe, a música ainda mexe, a angústia ainda fica… mesmo depois de tanto tem vezes que falta chão, falta rumo, falta direcção… e existe a dor do inesperado. É… eu não me preparei.
Mas enfim… essa noite eu sonhei com meu amor, e fiquei o dia todo pensando naquela música “Gostava tanto de você”, claro, que cabe direitinho no sentimento carregado. E me apegando a uma das frases mais difíceis “Aquele adeus não pude dar”, pensei em dividir algumas coisinhas nessas linhas: Pensar em tudo isso remete ao peso dos sentimentos e faz pensar (hoje) que a vida é muito curta, incerta e quanto ela nos ensina um verdadeiro jogo de perde e ganha. Por isso, para dois mil e sempre recomendo: aproveite cada momento junto com quem se gosta, você não pode esperar a morte pra dizer adeus, mas você pode fazer com que a sua longa vida seja uma calorosa despedida…
É… e as reflexões sobre 2011 (sim, porque o final de ano dá sim uma coisa de reflexão sobre a vida incrível) me levaram a perceber que o segredo na verdade está no momento presente, que até tem sido bem legal… me levaram também (sim, porque a reflexão é longa e dura Dezembro todo) a descobrir que não há nada como um abraço para curar as dores. Se não cura, ao menos tem aliviado bastante…
Assim como a emoção, acho que esse texto ta ficando meio sem sentido. Vou parar por aqui e deixar o Tim Cantar (Ai as músicas...)

domingo, 1 de janeiro de 2012

O AMOR, Vladimir Mayakovsky

Um dia, quem sabe,
Ela que também gostava de bichos,
apareça numa alameda do zoo, 
sorridente,
tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que por certo, hão de ressuscitá-la
Vosso Trigésimo século ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado
seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravos de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada, 
não vos seja chorado, mendigado.
E que ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o universo;
a mãe,
pelo menos a terra.
(1923)